quinta-feira, 4 de outubro de 2007


Por fim algo a acontecer. Ainda não fui consultar projecto a APL.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma vez mais, vários anos depois de ter sido erguido um “muro” de contentores na parte mais nobre da zona ribeirinha, entre dois edifícios que fazem parte da história da arquitectura moderna portuguesa, eis que, novamente, outros valores mais altos se levantam para completar o que então se iniciou. A ser concretizado este negócio que o governo quer assinar com a Mota-Engil, através da Liscount, virá a condenar definitivamente não só o acesso ao rio naquela parte de cidade como também as duas estações de terminais de cruzeiros que aí já existem. Ouvimos falar que se construirão novas. Para quê, se a cidade já tem 2, magníficas, estrategicamente situadas a meio caminho dos locais mais visitados pelos que por mar (e por terra) nos demandam - a torre de Belém, os Jerónimos, o Museu dos Coches, a Baixa Pombalina, em frente de um novo equipamento cultural recentemente inaugurado, o Museu do Oriente. As duas Gares marítimas que o arq. Pardal Monteiro projectou e para as quais o pintor Almada Negreiros criou alguns dos mais significativos frescos da história da pintura portuguesa contemporânea, encontram-se tristemente esvaziadas na função para a qual foram projectadas e construídas. O circuito dos passageiros dos cruzeiros há anos que deixou de ser feito pelas salas onde se encontram as pinturas de Almada. Estas, agora só se abrem por ocasião de eventos mais ou menos sociais ou vagamente culturais. E aos lisboetas não é fácil a elas aceder. Mas também quem se interessará por meia dúzia de pinturas antigas, descoradas.... Em todo este debate quase nunca tem sido referido este aspecto: como pode uma cidade desperdiçar desta forma dois edifícios arquitectónicos que constituem referências na história da arquitectura portuguesa contemporânea? A construção deste terminal que se quer levar avante vai condená-las a uma degradação rápida e acelerada. E com elas os magníficos frescos de mestre Almada. Pobre país que desta forma trata o seu património!
Ana Martins Barata