sexta-feira, 8 de junho de 2007

Não faz sentido!



Hoje fiz novamente o percurso de carro do Terreiro do Paço até à Expo. Há inúmeros locais junto ao Rio degradados e ocupados por contentores e por carga. São zonas degradadas que poderiam beneficiar com este projecto. Xabregas, Museu da Madre de Deus, Convento do Beato, o Palácio da Mitra.

A fazer algo de novo deveria ser aí..........

Há coisas que não fazem sentido. Sinceramente não percebo esta opção. De facto, se a APL tem duas gares marítimas nobres, dignas, e com frescos do Almada, concebidas com a finalidade exclusiva de serem uma porta de entrada para Lisboa. Porque será que temos que fazer um terminal de aeroporto pós moderno e um centro comercial na zona antiga da cidade?

Em elucidativa pesquisa na net tive a seguinte resposta:

A APL aluga as salas e cobra taxas. Indico valores:

TABELA de PREÇOS
Cedência de Espaços Cobertos

Ano de 2007
Gare Marítima de Alcântara Taxas de Utilização Diária
- Salão Almada Negreiros € 2.275,00
- Auditório € 1.853,00
- Salão Almada Negreiros e Auditório € 2.633,00
- Sala das Colunas € 2.435,00
- Sala Panorâmica € 1.975,00
- Sala da Cobertura € 559,00

Gare Marítima da Rocha Conde d’Óbidos
- Salão Almada Negreiros € 1.901,00
- Auditório € 1.159,00
- Salão Almada Negreiros e Auditório € 2.296,00
- Sala de reuniões com 40+50 m2 € 559,00
- Sala Comunidade Portuária € 559,00


Não faz sentido, mas se calhar seria esperar de mais que fizesse sentido. No fundo, ainda sou optimista ......acho que as coisas devem fazer sentido.

Vou para a cama a pensar; E o Almada o que diria do projecto de Santa Apolónia e da sua gare ser usada para banquetes e apresentações de produtos alimentares, sendo o cais envolvente ocupado por contentores vindos da China, Taiwan ou Singapura...

Vi um dos painéis e tive a resposta: A Sé junto a um caís com falúas e varinos.

Falei com um arquitecto que a comentar o assunto me disse : "Somos um país de parolos e o único espaço para se andar a pé junto ao rio na parte antiga da cidade vai ser da Ribeira das Naus ao terreiro do Paço!"

O tom era de "vencido da vida" e de "facto consumado". Por mim digo: " há esperança, talvez sejamos um nadinha civilizados, vamos discutir e para a semana vou à APL ver o projecto..." Não posso dizer mal sem conhecer bem , mas aquilo que conheço mete medo................


Santo António e São Vicente nos valham. Máximo, Veríssimo e Júlia nos ajudem.

Neptuno sai da Estefânia, ergue o Tridente e reclama :
"APL - BASTA! No mínimo perguntem qual é a minha opinião. "

4 comentários:

Graza disse...

E vais à APL sózinho? Porque não lanças aqui o repto para que te acompanhem? Porque não aproveitas quem esteja disponível nas campanhas para a Câmara para te acompanharem? Porque não marcas uma data? Uma hora? Uma local? Não conseguirias dar já outra visibilidade à questão?

Graza disse...

E aqui a blogosfera? Porque não fazes uma tentativa de ampliar a rede e a discussão?

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Ilustre Terreirense,

Na sequência do comentário deixado em http://estrategia-azul.blogspot.com, questiono o seguinte: que alternativas propõe a Norte de Santa Apolónia? Leixões, que está a construir um novo terminal de cruzeiros, ou Vigo, na Galiza? E a Sul? Cádis, Gibraltar? Tânger? Casablanca? Málaga?

Quer construir o Terminal de Cruzeiros em Vila Franca de Xira? No Carregado? Ficam a montante do seu precioso enclave Tágico de Santa Apolónia.

Santa Apolónia é de longe o melhor local em Lisboa para a recuperação dessa zona portuária degradada. Devia era já ter sido construído. Há pelo menos 10 anos.

Além do efeito benéfico que irá trazer à requalificação local, Alfama está muito deprimida actualmente, é um local de rara beleza onde dá gosto atracar num grande navio de passageiros.

Claro que se podem descortinar alternativas para juzante do local (não necessariamente a Sul, meu amigo...), a mais adequada das quais será a Junqueira, onde esteve para ser construído um terminal de navios de passageiros na década de sessenta. A Junqueira é uma zona portuária estratégica que está inteiramente devotada ao usufruto da população não portuária.

Em situação semelhante podem ser classificadas muitas outras áreas da margem Norte do Tejo, já para não falar do livre trânsito que a Transtejo oferece com os seus Cacilheiros, com destaque para os navios da carreira Belém - Cacilhas, que oferecem cada travessia a €0,74 permitindo 25 minutos de navegação ao largo da cidade de Lisboa. Com um passe de cerca de €15,00 pode utilizar o serviço em sistema de vai-vém dia e noite.

Há muitas formas de usufruir o Tejo, desde o parque na zona do Trancão, Expo, etc... E Santa Apolónia, quando voltar a emprestar a sua máxima utilidade portuária aos belos navios que teimam em nos visitar pacificamente apesar do fundamentalismo de alguns cidadãos (ou agitadores?), poderá ser contemplada em vista panorâmica
a partir do miradouro de Santa Luzia...

Lisboa precisa de um porto moderno e eficiente, de navios a visitarem o Tejo cada vez com mais frequência e de muitos passageiros que apreciem a cidade de Lisboa e queiram voltar para estadias mais prolongadas.

Desde que os Fenícios aqui aportaram o Tejo mudou muito, perderam-se os braços de mar que inundavam a cidade. Até ao Rossio, por exemplo. Não resisto a dar-lhe uma sugestão de cruzada de salvação do Tejo. Que tal devolver os terrenos da actual Baixa Pombalina ao Tejo? E os terrenos usurpados pelo Aterro da Boavista no século XIX? Haveria muito mais Tejo para todos.

Outra necessidade moral associada ao binómio Tejo - Lisboetas podia ser a renovação da antiga tradição das barcas de banhos, e assim pôr a malta toda a tomar banho no Tejo. Ou talvez não, por causas ambientais...

Para terminar, concordo com o facto de Lisboa não poder virar as costas ao Tejo. Seria absurdo. Muito menos pode virar as costas ou ignorar o seu Porto. É um elemento de grande importância económica, de entre as infraestruturas da Capital.

Raquel Sabino Pereira disse...

Para falar com conhecimento de causa, convido o meu amigo «terreiro do trigo» (e quem quiser trazer) a vir primeiro andar de canoa no Tejo.

Depois, também se arranja um passeio pedestre por Alfama, para constatar que um paquete nada tem de parecido com um prédio.

Finalmente, e com a ajuda de amigos, talvez o consiga levar a visitar um paquete na Doca do Terreiro do Trigo.

Para constatar que o que está a defender... enfim...